Quem entra na Quinta da Amoreira da Torre, em Montemor-o-Novo, região demarcada de Évora, arrisca o estremecimento involuntário que surpreende o viajante ao encontrar algo sublime e inesquecível. Ao longe, entre ciprestes, ergue-se a casa senhorial com a torre do século XVI que dá o nome à propriedade. Para lá de um jardim de buxo, semeado de rosas, e de um pequeno bosque frondoso, espreitam as vinhas — vinte hectares de vinhas que são a alma e o néctar destas terras.
Ali se erguem, em solos francos, no relevo suave, sob a influência do clima mediterrânico e no mesmo local em que prosperaram inúmeras gerações de produtores, as castas que cobriram de glória esta região: Trincadeira e Aragonês, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, mas também o Cabernet Sauvignon.
Quanto aos vinhos, são os que a terra produz. O microclima da quinta, de frescura e humidade notáveis nesta região, permitiu que as cepas criassem raízes e extraíssem do solo todos os nutrientes.
Na Quinta da Torre acreditam que o verdadeiro vinho começa na vinha, em diálogo com o sol e com a natureza. Por esse motivo pratica-se uma agricultura sustentável, biológica, certificada pela SATIVA. Sem uso de herbicidas, pesticidas, fungicidas, antibióticos, adubos químicos ou de síntese. Sem regar a vinha, e trabalhando o mínimo possível o solo.
Também na adega é exigido que a vinificação decorra com intervenção mínima de mão humana. A fermentação é espontânea e com leveduras autóctones. Nada é adicionado ou retirado ao mosto, que recebe apenas uma filtração muito suave e quase não leva SO2 .
A recompensa por toda esta paixão revela-se em vinhos autênticos, vivos, verdadeiros vinhos de terroir, já reconhecidos pela crítica e por vários troféus internacionais.
O Quinta da Amoreira da Torre Reserva 2014, por exemplo, foi medalha de Bronze da Decanter World Wine Awards em 2016, e Medalha de Ouros na Mundus Vini 2017. De cor granada escura, tomada da Alicante Bouschet e da Touriga Nacional, apresenta aroma complexo de ameixa, frutos vermelhos, especiarias, chocolate e bergamota, notas discretas da madeira das barricas onde estagiou, num conjunto estruturado, elegante, com muita complexidade e persistência.
A gama Zebro segmenta-se em Tinto, Branco, e num interessante Branco de Uvas Tintas, feito com 100% de Aragonez. O primeiro, blend de três castas, é um vinho fresco, jovem, especiado, muito estruturado e interessante, que mereceu uma distinção nos World Wine Awards da Decanter em 2016. O Branco destaca-se pela frescura e perfume intensos da Arinto e Verdelho que o compõem. Quanto ao Zebro Blanc de Noirs, com aromas de morango, framboesas, tosta de madeira, é um vinho estruturado e singular, muito atraente.
Distinguido na mais recente Decanter Wine Award e medalha de Bronze na Challenge Milésime Bio de 2017, não podemos deixar de mencionar por fim o Amoreira da Torre Tinto 2015: vinho jovem com aroma de amoras e ameixas, morango e menta, eucalipto e especiarias, de taninos redondos, é um vinho fresco e cheio de irreverência. .
A tradição secular da Quinta da Amoreira da Torre não deixa em mãos alheias o crédito de gerações. Com vinhos orgânicos notáveis, autênticos, que transportam com eles não apenas o terroir mas toda a paixão de quem os faz, representa o lado mais nobre e original desta assombrosa região.