São cinco hectares de vinhas nas cercanias de Estremoz, um dos terroirs privilegiados do Alentejo, em que crescem vinhas jovens em solos xistosos, num clima tórrido, continental. É um terreno que Miguel Louro conhece bem. Ali cresceu entre as melhores cepas da região, e ali despontou para as técnicas ancestrais da produção do vinho pela mão do seu pai, seu homónimo e vulto incontornável do vinho alentejano.
Como enólogo bem sucedido há muito prosseguiu uma carreira internacional, mas é em Estremoz que Miguel Louro encontra, como filho da terra, um fascínio que combina o respeito pelas tradições com um desejo ardente de inovar. O projecto pessoal que iniciou em 2010 materializou-se já numa obra, num vinhedo, e em dois vinhos intitulados Apelido e Primeiro Nome: criações autênticas, sem maquilhagens, sem aditivos, que buscam a verdade do vinho e do terroir sem adereços. Essa intervenção mínima, a valorização da vinha e da produção sustentável, frutificam em vinhos de enorme carácter, mais frescos, menos alcóolicos que os congéneres, que apaixonam os conhecedores.
O Apelido branco perfila-se como blend de sete castas em que predominam o Arinto, o Alvarinho e o Verdelho. Exuda uma frescura e mineralidade notáveis, e uma complexidade aromática em que se acham frutas de variadas origens (tangerina, ananás, melão, amoras brancas) combinadas com aromas de pólen e ervas aromáticas. Na boca é muito vivo, austero, ácido e com final prolongado. Vinho gastronómico, acompanha sublimemente percebes e frutos do mar com aroma delicado.
O tinto do mesmo nome combina castas bem adaptadas à região (Touriga Nacional, Touriga Franca, Aragonês, Alicante Bouschet) num blend de cor rubi intensa, com aroma concentrado de ginja, ameixa, mirtilo e notas de eucalipto e especiarias. Na boca surge carnudo, com textura, taninos maduros e finos, excelente acidez e final persistente.
No pequeno mas interessante portefólio merece destaque o branco 1º Nome, que mereceu a classificação de 17 valores na revista Grandes Escolhas. Vinho de complexidade aromática, em que predominam aromas cítricos e de maçã verde, combina harmoniosamente as castas Rabigato, Gouveio, Arinto e Alvarinho numa fermentação em carvalho francês com estágio de oito meses sobre borras finas. O resultado é um prodígio de frescura, elegância e mineralidade, que acompanha com panache pratos tão distintos como queijos, peixe, carnes grelhadas ou bacalhau no forno.
Enriquecido pelo rol de uma variada experiência profissional, estimulado pela ligação à terra e ao terroir que o viu nascer, em boa hora Miguel Louro escolheu Estremoz para experimentar, investir e fazer aquilo que ama. Vinhos cheios de carácter e de verdade, que apontam o futuro desta fascinante região.