Certos projectos parecem predestinados, desde a origem, para alcançar a verdadeira distinção. Foi esse o caso da Adega Mayor, inaugurada em 2007 nas ondulantes planícies do Alto Alentejo. O seu mentor, Rui Nabeiro, empresário mítico e filho benemérito de Campo Maior, alimentava o sonho antigo de ali reabilitar a produção de vinho, que era secular na região. O terroir pedia, e assim se fez, que a Campo Maior se chamasse uma equipa selecta de profissionais premiados: o enólogo Rui Reguinga, responsável pela elaboração do portfólio, e o arquitecto Siza Vieira, de renome mundial, a quem foi entregue o projecto da adega, construída de raiz.
Mais de vinte castas de expressão regional, nacional ou internacional convivem na propriedade para proporcionar a quem as manipula toda a gama de variações alquímicas que perfazem os vinhos de excepção. Um roteiro que principia nos vinhos de marca Caiado, em branco, tinto ou rosé. Vinhos jovens, gastronómicos, que interpelam a alma alentejana, já mereceram distinções em fóruns da especialidade, como o Wine Master Challenge, Internacional Wine and Spirits Competition, Internacional Wine Challenge e Mundus Vini.
Também os vinhos Monte Mayor se revelaram um caso de sucesso que há muito ultrapassa fronteiras. O Reserva Tinto, blend de Aragonez, Touriga Nacional e Alicante Bouschet revela aroma profundo, com notas de mirtilo, ameixa madura e chocolate negro. Muito afinado na boca, exibe taninos polidos e um final longo e persistente. O Branco combina Verdelho, Arinto e Antão Vaz para nos proporcionar um vinho límpido, amarelo citrino, fresco e exótico com notas de fruta branca, sensação mineral, bom volume de boca e perfil muito gastronómico. A gama completa-se com um Espumante de cor citrina, aroma fresco e frutado com nuances de frutos secos, paladar persistente, sedoso e muito fresco.
Entre as execuções varietais destaca-se a marca Solista, elaborada com castas emblemáticas da propriedade. Um Tinto, de Touriga Nacional, um Branco de Verdelho e um Rosé de Pinot Noir compõem esta gama de vinhos elegantes e sofisticados.
Caso muito sério, merecedor de um sem número de galardões em Portugal e no estrangeiro são os vinhos Reserva do Comendador. O tinto, que estagia 18 meses em barricas de carvalho francês e 1 ano em garrafa, apresenta uma cor granada e aroma intenso, com notas a cereja preta e amora silvestre. Na boca é encorpado, com taninos maduros e final longo e persistente. O Branco, de aroma intenso com notas de fruta madura (pera e pêssego) exibe paladar com boa estrutura, fresco e mineral.
Os anos excepcionais celebram-se com o Tinto Pai Chão Grande Reserva. O crítico João Paulo Martins, no seu guia Vinhos de Portugal não lhe poupa encómios, elogiando a densidade, o aroma de fruta madura, as “notas de compota ao lado de sensações levemente florais. A prova de boca confirma um tinto muito texturado, que quase se mastiga”. Foi Grande Medalha de Ouro no Concours Mondial de Bruxelles, Ouro no Mundos Vini, e obteve 92 pontos na Wine Enthusiast, entre outras honrarias.
Ocasionalmente a Adega Mayor compõe edições especiais limitadas, que homenageiam figuras ilustres da cultura portuguesa. Entre elas, merece destaque o Tinto Siza, tributo ao arquitecto Siza Vieira, feito apenas de Alicante Bouschet, um vinho concentrado na cor, com aromas de fruta, em que, segundo João Paulo Martins, as “tradicionais notas de azeitona verde” próprias da casta surgem em evidência. Um vinho de grande elegância, com uma imagem que não o desmerece.
Em apenas uma década de existência, a Adega Mayor manifestou a vitalidade rara dos projectos que se constroem por amor. O seu portfólio exclusivo, elegante, reconhecido pela crítica e exportado para quatro continentes, revela-nos o melhor que o Alentejo tem para oferecer, cumprindo com distinção o sonho antigo do fundador.