A herdade, centenária, nasceu no concelho de Redondo, numa paisagem tranquila como um éden bucólico que hoje rareia em Portugal. Aí, entre as culturas tradicionais da região, foi celebrada uma parceria entre Pedro Vasconcelos e Sousa e alguns investidores que permitiu cultivar castas bem adaptadas ao terroir e construir uma adega subterrânea, num projecto de Frederico Valsassina que alcançou renome internacional.
São vinhas a perder de vista, plantadas a uma altitude de 450 metros que lhes permite usufruirem do frescor nocturno. Ali se dão a Touriga Nacional, a Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet, entre outras castas tintas, e a Arinto, Alvarinho e Sauvignon Blanc, entre castas brancas variadas.
A disponibilidade de água, a elevação do terreno, a inclinação solar, tudo contribui para preservar a frescura e os aromas dos vinhos que ali se produzem. Mas é na adega que se celebra o encontro entre tradição e modernidade tão intimamente
Concebida para deixar incólume o património paisagístico, a adega ergueu-se debaixo das vinhas em três pisos que permitem acolher as uvas poucos minutos após a colheita para a maceração a baixa temperatura. À descida das uvas tintas para os lagares troncocónicos, previamente arrefecidos por gravidade, sem pressões nem bombagens, sucede uma pisa suave e demorada.
A arquitetura vinicamente pensada deste edifício em 3 pisos, permite a descida das uvas tintas para os lagares troncocónicos previamente arrefecidos por gravidade, sem pressões nem bombagens, onde passa um robot que efetua uma pisa suave e demorada. O vinho evolui então no mais profundo dos três andares subterrâneos, a uma temperatura de 15º a 18º, com humidade elevada, onde se processa o estágio em barrica de carvalho francês ou americano, consoante a casta e o lote seleccionado.
Não admira que os vinhos da Herdade do Freixo, dado o desvelo com que são executadas todas as fases da sua criação, tenham recolhido encómios da crítica e dos apreciadores. João Paulo Martins, no Guia de Vinhos mais renomado de Portugal, coloca em destaque um punhado de brancos notáveis e tintos de excepção, a que atribui pontuações muito elevadas. O branco Sauvignon Blanc é elogiado pelo estilo bordalês, a boa acidez e volume de boca; o Chardonnay, pela limpeza e aromas delicados, sendo “muito atractivo de nariz”; enquanto o branco Reserva, com 17 valores, é um caso exemplar de interligação entre o corpo, a acidez, e os aromas vibrantes. Nos tintos, avultam o Reserva (blend de Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Alfrocheiro, num estilo “novo mundo, mas distinto e polido”), e o Family Collection, que além das castas anteriores inclui parte de Petit Verdot. Concentrado na cor, “austero mas muito rico, com ameixas negras e chocolate amargo, leve nota floral... O conjunto mostra muita classe”, conclui o crítico.
Na Herdade do Freixo cumpre-se assim a ambição original do seu fundador: a comunhão profunda com o terroir do nordeste alentejano, sabiamente equilibrada por processos de produção de altíssimo nível internacional, ao serviço de vinhos que se distingam pela “concentração, longevidade, frescura e finesse”.