O projecto de Nuno e António transporta desde a origem um cunho de originalidade muito vincado. A dupla cria vinhos no Norte de Portugal, em que se incluem quer a região do Douro quer o Planalto Mirandês. Aí recorrem a agricultores locais, com quem estabelecem relações de grande proximidade em busca de "blends" de terroir, misturas de castas por vezes muito raras que se dão naturalmente nas propriedades, muitas das quais são provenientes de vinhas centenárias. É uma estratégia que pretende resgatar um património esquecido de aromas e sabores da vinificação portuguesa, segmentada em torno de três marcas por origem geográfica e métodos de vinificação.
A marca Boina acolhe os vinhos sem madeira oriundos do Douro, sendo o tinto um blend de castas autóctones de vinhas velhas do Douro Superior e Baixo Corgo. Destaca-se pela pureza, autenticidade, e concentração, como vinho profundamente gastronómico com um fundo de frescura que enriquece qualquer refeição. No Boina branco predominam as casas Viosinho, Rabigato e Códega do Larinho. Tem notas de citrinos, flores brancas, e apresenta-se muito fresco, equilibrado e mineral.
Quanto aos vinhos durienses com madeira, foram baptizados de Guyot. Fermentam em lagares e envelhecem em pipas de carvalho provenientes de Borgonha até alcançarem a perfeição. Os brancos têm origem predominante em vinhas de solo granítico, que crescem a altitude superior a 55 metros e são sujeitos a envelhecimento em borras finas com batonage durante pelo menos seis meses. Isso explica a sua cremosidade, a sua complexidade, sem perda da frescura e mineralidade.
Por fim, mas não certamente em último, perfilam-se os vinhos transmontanos Goblet, oriundos do planalto mirandês. É aí que se encontra a maior variedade de castas em vinha velha deste portfólio que Nuno e António reuniram num fascinante trabalho de pesquisa e valorização do património vitivinícola. Até agora foram lançados sobe esta insígnia um branco, um tinto de vindima precoce, um tinto um pouco mais tardio e um palhete. Todos produzidos por métodos ancestrais numa adega de Vila Chã da Braciosa, Miranda do Douro. Vinhos limpos, frescos, minerais, muito gastronómicos, impressionam pela facilidade com que se bebem sem constrangimentos.
Não será temerário prever que, com a ousadia e o saber dos produtores e o entusiasmo e do público enófilo, outras realizações notáveis nos chegarão da Portugal Boutique Winery. Poucos produtores têm este dom para encantar e surpreender um público exigente.