São sete pequenas quintas, como sete irmãs, que totalizam 15 hectares a um passo da Serra da Estrela, na sub-região de Silgueiros, Região Demarcada do Dão. Entre todas avulta a Quinta de Reis, 430 metros acima do nível do mar, a maior e mais variada na produção de castas autóctones ou de uso tradicional. Ali se dão a Touriga-Nacional, a Tinta-Roriz, Jaen e Alfrocheiro, entre as variedades tintas, bem como as brancas Malvasia-Fina, Encruzado e Bical.
Há quatro gerações que o vinho marca o destino familiar dos proprietários, hoje liderados por Jorge Reis, antigo director de um hospital, tão devotado à vitivinicultura que a foi estudar profundamente na Escola Superior Agrária de Viseu.
Em 2003, de diploma nas mãos, encetou a reforma da sua adega secular, que ornamentou com tecnologia contemporânea, sedimentando pelo conhecimento do presente as técnicas ancestrais e o respeito pela natureza que são um legado desta região. Os resultados não tardaram.
O pequeno portfólio em breve se tornaria referência para os apreciadores de um terroir notável, somando consagrações. Desde 2006, ano em que a Revista de Vinhos distinguiu o tinto DOC como um dos melhores do Dão, até 2016, em que o tinto de 2011 receberia medalha de Prata no Concours Internacional de Lyon, tem sido distinto o percurso do produtor.
João Paulo Martins, o grande crítico português, não poupa encómios a estes vinhos que se organizam numa breve selecção de tintos (DOC, Reserva, um varietal de Touriga Nacional e um blend premium a que se chamou Wine Note) e numa ainda mais breve selecção de brancos, composta por um blend Colheita e por um Encruzado.
O Guia de Vinhos de Portugal 2016 atribui particular destaque ao Touriga Nacional, que merece uma pontuação elevada de 17 valores. Elogia-se a concentração de aromas e a riqueza, o lado floral bem presenta da casta, e a fruta madura em bom equilíbrio, desembocando numa prova elegante.
A mesma pontuação atribui ao branco Reserva a Revista de Vinhos, destacando a colheita de 2012 pela relação entre o aroma floral com o fundo mineral persistente e a prova de boca “poderosa”, de “um branco macio, gordo, intenso e cheio de sabor”.
Este encantamento dos críticos e apreciadores atravessa fóruns, concursos e revistas da especialidade. O convívio em blend das castas sumptuosas do Dão, a escolha criteriosa daquelas que suportam um monovarietal, as particularidades da vinificação, por processos manuais, e o respeito escrupuloso do terroir, contribuem para levar cada vez mais longe a fama da Quinta de Reis e da Sub-Região de Silgueiros que honra com o seu portfólio superior.
Para Jorge Reis, que trocou o aparato da medicina pela paixão ancestral da vitivinicultura, parece agora evidente que esta foi uma aposta triunfante. E para nós, que conhecemos e amamos os vinhos das suas sete parcelas de terra abençoada do Dão, não restam dúvidas: são o melhor dos elixires em que um espírito pode achar consolo, alegria e prazer.