Desde meninos que António e Edmar Monteiro acompanhavam o pai nas lidas da Quinta de São Bernardo, nas margens do rio Douro. Todos os segredos das cepas centenárias, das castas tradicionais, dos processos imemoriais lhes foram revelados com infinito respeito pelo terroir. A escolha de um futuro na viticultura impôs-se a ambos com naturalidade.
As primeiras experiências na produção de vinhos confirmaram o talento e a sabedoria dessa herança familiar. Ao adquirir a Quinta de Água, puderam finalmente consumar um portfólio em que se exibe todo o carácter dos melhores vinhos durienses.
Hoje, duas marcas se perfilam para nos oferecer o melhor da 1912 Winemakers. Os vinhos Piorro elaboram-se com as castas típicas da região. Desde o Colheita tinto, redondo e afinado, muito gastronómico, a gama evolui para um Reserva bem estruturado, fresco, harmonioso, e desemboca num tinto Grande Reserva que pretende ser um ícone do Douro. Feito com Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca, provenientes das vinhas velhas com melhor exposição solar, é um vinho de cor intensa, aroma denso e complexo, com final longo e persistente, inesquecível.
A marca Piorro inclui ainda brancos que mereceram encómios da crítica e dos enófilos exigentes. O branco Vinhas Velhas resulta de uma selecção criteriosa das castas Malvasia Fina, Rabigato, Viosinho e Gouveio de vinhas centenárias. O crítico João Paulo Martins elogia a boa cor, a elegância da fruta madura com notas de tosta de barrica, que “ajudam ao aroma”, a sensação na boca de “fruta branca, pêra, maçã, leve nota de marmelo fresco”, para concluir que “temos branco para a mesa, polivalente, um branco cheio mas não pesado, com um final amendoado e longo.
Da Quinta de São Bernardo provém as uvas de outros dois triunfos da casa: o Piorro Espumante Branco Bruto e o Espumante Rosé. Blend de Touriga Nacional e Touriga Franca, o primeiro, de Touriga Nacional e Tinta Roriz o segundo, seguem os métodos tradicionais de fermentação em garrafa, durante nove meses. Equilibrados, com bolha fina, final longo, proporcionam ambos uma prova muito elegante.
O portfólio da casa completa-se com os tintos Encosta do Bocho, gama que inclui Reserva e Grande Reserva. João Paulo Martins recomenda as qualidades gastronómicas do Reserva, pelo “aroma atractivo”, a frescura, leveza e polivalência. Já o Grande Reserva de cor ruby intensa, é vinho aromaticamente complexo em que sobressaem as notas florais e balsâmicas. Surpreende pelo equilíbrio, com taninos firmes, maduros, e sensações especiadas que desembocam numa persistência notável.
Empresa de raízes bem firmadas na Região Demarcada do Douro, a 1912 Winemakers não deixa créditos em mãos alheias. Com um blend de paixão, respeito pelo terroir e um amor aos grandes vinhos que só se encontra nos filhos dilectos do Douro, os irmão António e Edmar Monteiro dedicam-se à sua arte centenária com o brio que orgulharia, por certo, as gerações que os antecederam. Tanto eles, como os seus vinhos, merecem a nossa gratidão.