Para o visitante incauto, a Quinta de Lourosa, na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, é apenas um destino pitoresco de turismo rural, a 40 quilómetros do Porto, que acolhe turistas criteriosos com propostas elegantes de passeios a pé, programas gastronómicos e roteiros históricos ou culturais. Um excelente ponto de partida para descobrirmos os encantos das paisagens e monumentos da região Norte, sem perdermos nenhuma das amenidades da vida urbana.
Mas, para o verdadeiro apreciador de vinhos, a Quinta é ainda mais vasta e interessante. Pois é também o laboratório, o bastião, o refúgio do professor Rogério de Castro, catedrático de viticultura, que há quase duas décadas aceitou o desafio de recuperar e nutrir esta propriedade ancestral.
Com uma noção apurada das prioridades, o professor começou por recuperar as vinhas, só depois fez o restauro das edificações. A adega foi construída de raiz, e à área cultivada acrescentaram-se terrenos adquiridos e arrendados, até perfazer cerca de 30 hectares.
Com exposição em encosta, voltada para sul, aí se encontram plantadas castas brancas típicas da região, como Alvarinho, Arinto, Loureiro, e uma área bem menor de castas tintas, como Touriga Nacional e Sousão. As cepas, revelando um aprumo inexcedível, reflectem toda a dedicação do Professor. Foi nesta propriedade que se experimentou o revolucionário sistema de condução da vinha conhecido por Lys.
Hoje, a Quinta de Lourosa produz excelentes Vinhos Verdes, caracterizados pela invulgar frescura, fruta abundante e pendor gastronómico.
A sua produção já conquistou o entusiasmo da crítica, com destaque para o Alvarinho, que foi elogiado por João Paulo Martins como “bem composto (…), muito fresco e bem equilibrado”, tendo “boa acidez e corpo ajustado”.
A Quinta produz também espumantes, bem como vinhos regionais do Minho, elaborados sob o olhar seguro dos enólogos Osvaldo Amado e Joana de Castro. E outras inovações se prevêem para encanto dos apreciadores.
Neste local paradisíaco, luminoso, entre casas pitorescas dos Séculos XVII e XVIII, não é difícil encontrar a inspiração. Para a família Castro, que agora reside nas terras dos seus pais e avós, todos os dias trazem uma alegria nova, palpável, pressentida por quem os visita ou saboreia os vinhos de que tão justamente os orgulham.