Entre a nova geração de enólogos e produtores de vinho portugueses, João Brito e Cunha ocupa um lugar especial. A sua Quinta de S. José, em Ervedosa, na margem sul do coração do Douro, tem proporcionado aos apreciadores inúmeros momentos de júbilo e gratidão.
Em 2005, este descendente da “Ferreirinha”, personagem mítica dos vinhos durienses, adquiriu aos irmãos os 10 hectares de vinha cultivados na propriedade para cumprir o apelo da sua vocação.
Fora enólogo na Cockburns, empresa histórica do Porto, e acumulara em Barrossa Valey, Australia, valiosa experiência internacional. Bem preparado para liderar o projecto que o seu pai iniciara em 1999, não tardou a capturar a predilecção dos apreciadores.
O seu portfólio reparte-se entre uma marca de vinhos brancos (Flor de São José), outra de tintos (que recebem o nome da Quinta), e uma terceira marca, S. J, usada num Vinho do Porto Vintage.
O Guia canónico de João Paulo Martins atribui a todos elevadas pontuações. Sobre o Flor de São José Reserva 2014, lote de Rabigato e Gouveio, escreve o crítico que “é um branco de meia-estação (…) mineral, austero, reservado, (…) sério, bem interessante de provar”.
Os Quinta de S. José, insígnia da casa, segmentam-se em tinto, tinto Touriga Nacional, tinto Reserva e tinto Grande Reserva. O tinto é um vinho fresco, frutado, floral e mineral, com muita aptidão gastronómica. Quanto ao Touriga Nacional, da grande casta duriense, foi seleccionado pelo jornalista Joshua Greene para integrar o lote dos 50 Great Portuguese Wines USA 2013. O vinho é descrito por João Paulo Martins com enlevo: “sente-se no aroma que estamos perante a Touriga Nacional, mas aqui numa versão densa, onde as notas mais leves e florais se ligam muito bem com a fruta madura (…) Tudo sério no aspecto, mas muito atractivo também”.
Tanto o Reserva como o Grande Reserva combinam Touriga Nacional com Touriga Franca, outra casta incontornável do Douro, mas no segundo as uvas são fermentadas em lagar com pisa a pé. Ambos estagiam 12 meses em barrica de carvalho francês. O primeiro foi reconhecido com a medalha Grand Ouro no Portugal Wine Trophy 2014, medalha de Ouro e Douro Trophy no International Wine Challenge 2013, entre outros galardões. O segundo mereceu o 3º lugar no Top 10 da Essência do Vinho 2014, e medalha de Ouro no Concurso Vinhos de Portugal 2014. São vinhos que expressam bem o diálogo das duas Tourigas, concentrados na cor, com notas florais, muito elegantes, dando uma excelente prova.
Numa propriedade que se situa entre a Quinta da Romaneira e a Quinta de Roriz, não poderia faltar um Vinho do Porto. Com 91 pontos Parker, o Vintage 2013 é descrito no Guia que já referimos como “muito denso na cor e aroma, sentem-se frutos negros e muita especiaria no aroma, notas de pimenta”, fazendo-se a recomendação para guardar.
Apesar da curta história da marca, os vinhos da Quinta de São José acumularam já inúmeras distinções em festivais nacionais e internacionais, integrando os tops de vários jornalistas da especialidade. Esse percurso revela-nos um pouco da notável performance de João Brito e Cunha, digno descendente de Dona Antónia Ferreira, a grande senhora do Douro.