Desde o século XIX que o vulto tutelar do Conde d’Ervideira inspira a família Leal da Costa, sua descendente, com o legado de inovação e modernidade que trouxe às regiões alentejanas da Vidigueira e de Reguengos de Monsaraz.
Hoje em dia é a quarta geração que conduz os destinos dos 160 hectares de vinhedo, distribuídos entre a Herdades da Ribeira e a Herdadinha, a cargo de Maria Leal da Costa e seus seis filhos com direcção enológica de Nelson Rolo.
Tendo alcançado um estatuto de referência entre os vinhos alentejanos, e uma projecção que se alarga a inúmeros mercados internacionais, os vinhos Ervideira revelam a inquietude de uma empresa que nunca hesitou em ousar. Foi nestas herdades que a Touriga Nacional se estreou em vinhedos alentejanos. Foi nelas que se fez a primeira vindima nocturna e transporte de uva em camião frigorífico. Foi aqui que se produziu o primeiro vinho branco a partir de um uva tinta, o Invisível, em 2009. É aqui que estagiam, pela primeira vez no Alentejo, vinhos a 30 metros de profundidade sob as águas tranquilas do Alqueva.
A natureza aventureira da casa é estribada num portfólio de qualidade exemplar, em que um vinho só é cedido ao mercado após testes rigorosos e exaustivas provas cegas. João Paulo Martins, no seu guia de referência Vinhos de Portugal, destaca algumas declinações da marca. Entre os espumantes, notórios no Alentejo, merece referência o Vinha d’Ervideira, com “boa espuma delicada, muito jovem e fresco nos aromas... muito arredondado na boca, boas notas vegetais... mousse muito fina, a acidez bem coberta”.
Outro vinho notável é o Ervideira Invisível. Um vinho branco de uvas tintas, da casta Aragonês, distingue-se pelas “boas notas florais e de fruta fresca no aroma... boa estrutura e tonalidade frutada", com “ligeiros apimentados que lhe ficam bem.”
Entre os vinhos de mesa, a gama Conde d’Ervideira reúne os vinhos premium da casa. Destaque para o Private Selection tinto, blend de Touriga Nacional e Alicante Bouschet com vindima nocturna e vinificação a temperatura controlada, e estágio de 12 meses em barricas novas de carvalho francês. De perfil aromático complexo, muito elegante, tem estrutura marcante com elevada persistência e longevidade. João Paulo Martins atribui-lhe a invejável pontuação de 17 valores. O branco Reserva é outro vinho incontornável. Varietal de Antão Vaz, tem aroma subtil de madeira, com fruta madura e tons de amêndoa, sobressaindo a leveza na boca com notas de fruta tropical e boa acidez. Vale a pena explorar o significativo portefólio da casa, que inclui outras preciosidades como um Vinha d’Ervideira Antão Vaz Colheita Tardia, entre outras.
Com um percurso impressionante que remonta a 1880, a Ervideira conseguiu capturar, no século XXI, a essência do terroir alentejano sem descurar nada do rigor técnico, da inovação ou da obsessão pela qualidade que distinguem os grandes vitivinicultores. O primeiro Conde d’Ervideira não disfarçaria o orgulho se assistisse ao triunfo da família Leal da Costa, sua descendente, e das belas quintas e do excelente vinho com que o homenageiam, para encantamento dos apreciadores.