Haverá talvez quem defenda que o amor pelos vinhos não é hereditário. Mas Luís Louro, por certo, nunca o reconhecerá.
Filho de Miguel Louro, fundador da lendária Quinta do Mouro, Luís trabalhou seis anos ao lado do seu pai desde o regresso de Sonoma County, na Califórnia, onde estagiara.
Em Estremoz estabeleceu então a Adega do Monte Branco, dando corpo à visão ambiciosa de exprimir o potencial das castas portuguesas que tanto ama revelando-as ao mundo em vinhos de alta qualidade.
Nos 26 hectares de vinhas arrendadas, com solos variados de xisto e calcário, inicia-se o trabalho meticuloso de adequar as castas ao terroir que as valorizam. Desse equilíbrio depende a concentração, a acidez e o aroma do produto acabado.
Entre as tintas destacam-se as Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet, muito enraízadas no Alentejo, e a admirável Touriga Nacional. Entre as brancas contam-se a Roupeiro, dominante na região, bem como a Arinto e Antão Vaz. Este bouquet inspira uma gama cheia de carácter com duas marcas complementares.
Os vinhos “Alento” desejam exprimir o que existe de único no perfil alentejano: são encorpados, de aroma frutado, com taninos maduros, mas frescos e equilibrados. Distribuem-se por tintos, brancos e rosés, e por reservas branco e tinto que seduzem intensamente os enófilos. Uns e outros acumularam prémios nos festivais Internacional Wine Challenge, Challenge Internacional du Vin, Lá Selection (Suíça) e Mundus Vini.
Já a marca “Monte Branco” surge apenas em anos excepcionais. Reúne um blend de Alicante Bouschet, cultivado em solos de xisto, e Aragonez, em solos calcários. O crítico de vinhos João Paulo Martins, que atribui elevadas classificações a cada um dos que alcançaram o mercado, faz notar a sua “densidade”, as “notas de frutos negros” com “um toque doce”, e o carácter austero que convidam ao repouso em cave. São sempre vinhos complexos, de muito carácter, para guardar.
Construída em 2006, a Adega do Monte Branco acolhe, com a sua arquitectura contemporânea, quem tiver o privilégio de visitar a bela cidade de Estremoz. Tal como os vinhos que produz, homenageia as tradições vitivinícolas do Alentejo contemplando limpidamente o futuro.