Alenquer, na região vitivinícola de Lisboa, acolhe a Quinta do Anjo, com mais de 120 hectares adornados por um solar do Século XVII e adega tradicional. Relatos ancestrais afirmam que o vinho produzido nesta terra valia mais “pintos”, ou moedas de ouro do reinado de D. João V. A coincidência de ser Pinto o apelido dos actuais proprietários bastou para legitimar o estabelecimento da marca Quinta do Pinto, hoje bem estabelecida pelo portfólio de vinhos excelentes que propõe aos apreciadores.
Perto de duas dezenas de castas, com destaque para Fernão Pinto, Arinto, Touriga Nacional, Tinta Miúda, Aragonês e Alfrocheiro, Marsanne, Roussanne, Viognier, Syrah e Merlot, suportam ou integram o portfólio da casa. Os vinhos formam-se a partir de blends que unem castas nacionais e internacionais, predominantemente das Côtes du Rhône — tão ao gosto do proprietário.
Com 53 hectares de encostas suaves, a vinha usufrui de exposição a Sul. Está protegida dos ventos pela Serra de Montejunto e recebe a frescura do Atlântico. A grande variedade dos solos, mesmo entre talhões, permite uma selecção minuciosa das castas que respeita a identidade de cada uma e as peculiaridades do terroir.
Na adega, segue-se princípio da vinificação tradicional “o vinho faz-se na vinha”. Ou seja, com uma intervenção mínima para capturar todo o potencial das uvas. Embora seja muito antiga, dispõe da mais recente tecnologia enológica. Integra zonas de recepção da uva, prensagem e fermentação em cubas de cimento. Dispõe de laboratório, sala de envelhecimento e sala de provas. Em todas as fermentações se usam leveduras indígenas, para valorizar o potencial da uva criteriosamente seleccionada.
Deste amor pelo detalhe resultam vinhos aromáticos, não acídulos, encorpados, com textura e final de prova prolongado. Vinhos como ‘Terras do Anjo’, que apresenta com harmonia as castas francesas às varietais da região. Ou como ‘Vinhas do Lasso’, de um equilíbrio notável, manifestando grande frescura e aptidão gastronómica.
Merecem destaque evidente os “Quinta do Pinto”, que nas palavras do produtor exprimem “uma casta particular no terroir, ou combinação única de duas castas portuguesas ou internacionais”. O topo da gama, ‘Quinta do Pinto Grande Escolha’, é um blend de Viognier, Roussane e Chardonnay, elogiado pelo crítico João Paulo Martins em termos particularmente calorosos: “Passam os anos mas o vinho mantém-se num registo de enorme qualidade, sem ceder… ao tempo e à evolução que ele vai trazer”.
A zona de Alenquer, tão conhecida nas cortes da Europa em finais do Século XIX pelos grandes vinhos dos seus criadores, regressa agora ao pináculo do prestígio internacional. A “Quinta do Pinto” tudo fará para que esse lugar nunca se volte a perder.