João Póvoa conhece as vinhas da Bairrada desde a tenra meninice, bons tempos em que ajudava o pai na vindima durante as férias escolares de verão. O vinho que depois se fazia ia engrossar as colheitas lendárias do luxuoso Hotel do Bussaco, dos grandes tintos de casta Baga que se tornaram icónicos na região
Com um princípio de vida tão promissor, não surpreende que João Póvoa, já homem feito, tenha acumulado os exigentes afazeres de médico oftalmologista com o amor da vitivinicultura. Primeiro criando a marca Quinta de Baixo, que alcançaria um conjunto notável de distinções. E a seguir, em 2005, com estes vinhos Kompassus que logo chegaram ao topo dos rankings em revistas e concursos da especialidade.
A colecção inclui vinhos tintos, brancos e espumantes de grande qualidade. Desde 2012, a colaboração com o famoso enólogo e produtor Anselmo Mendes, figura tutelar da Região dos Vinhos Verdes, que aqui exprime todo o seu fascínio e conhecimento da Bairrada, esteve na origem da adopção das castas Verdelho e Alvarinho, que neste terroir privilegiado alcançam uma expressividade, frescura e complexidade extraordinárias.
Reuniu-se assim um portefólio distinto de referências que tem merecido toda a espécie de homenagens. O Kompassus Private Collection será talvez o mais notório, um tinto a alcançar pontuações de 18 valores na Revista de Vinhos, a Grande Medalha de Ouro no Portugal Wine Trophy 2016, e o Prémio de Excelência 2016 da revista Paixão Pelo Vinho. Varietal de Baga, feito com uvas de de vinhas muito velhas, tem uma harmonia notável, exibindo as superiores qualidades da casta. Já o Blanc de Noirs, espumante branco feito de castas tintas, foi o único vinho espumante a ser distinguido com o Prémio de Excelência da Revista de Vinhos em Fevereiro de 2017. O crítico João Paulo Martins não poupa nos encómios a este vinho, pela delicadeza, a estrutura e acidez que revela “uma excelente aptidão gastronómica”, ideal para “peixes nobres” ou sashimi.
Vinhos que ecoam até hoje entre os apreciadores são os da gama premium de mono-varietais, que inclui os brancos Verdelho, Alvarinho e Private Collection. O segundo e o terceiro obtiveram a notável pontuação de 17,5 valores na Revista de Vinhos, alcançando a categoria de Melhor de Portugal em 2016, tendo sido o Alvarinho o eleito “Melhor do Ano e da Região”, de acordo com a mesma publicação.
Caso muito sério, pela qualidade, pelo preço e pelo estatuto icónico que entretanto alcançou é por fim o do Kompassus Baga 1991 — Colecção Privada, edição exclusivíssima de 220 garrafas. Um mono-varietal da casta que o baptiza, de cor intensa, aroma finíssimo e muito complexo na boca, que obteve pontuações vertiginosas dos críticos João Afonso (18,5 valores), João Augusto Moreira (98 pontos em 100) e Luís Lopes (19 valores), nas colunas que cada um mantém.
Com este percurso notável, será de prever um futuro radioso para o talento infinito de João Póvoa e Anselmo Mendes, capazes de dignificar uma região sublime, e as suas castas que alcançam a perfeição.